A vida continua e é sempre para a frente, não há volta a dar quanto a isso…
Ontem, com a Joana, sempre enchemos a pequena campa dele cheia de Urzes, alternadas entre Twins e Triple… vamos a ver como ficará daqui a uns tempos 🙂

Este processo, de luto, porque é de luto que se trata, está a custar-me bastante, bem sei que é só um cão etc. etc. mas é o MEU cão, aquele que me acompanhava para todo o lado, o que sentado no carro já conhecia os percursos do dia-a-dia, o cão que era conhecido de toda a gente aqui na zona, o meu companheiro e sim, sinto mesmo a falta dele.
Todos nós temos o nosso núcleo importante, sejam pais, conjugues, filhos, animais domésticos, outra família, etc. Quando a facada é no núcleo importante, obviamente que sentimos a falta e quando essa partida é tão inesperada e brutal quanto esta foi, obviamente que ainda custa mais…
Será que não sofreu mesmo, que foi instantâneo? Embora para fora, até porque há filhos, eu não o demonstre, na verdade sinto uma culpa tremenda, culpa de não ter fechado a porta, de não ter ido lá mais cedo, culpa e medo de querer pensar que a morte foi instantânea quando na verdade ainda pode ter estado um longo bocado a agonizar sem que eu, que era suposto protege-lo, o tivesse localizado a tempo de o fazer…
Também sei que sou humana, que como humana falho, mas isso é o meu lado racional a pensar… o restante lado sente uma culpa tremenda por não ter feito nada que antecipasse e impedisse o que aconteceu… claro que sei que quando resolvia fugir era muito complicado, por vezes chegava a andar longos momentos de trela na mão a tentar apanha-lo e ele parecia que gozava comigo num interminável jogo da apanhada, já era o feitio dele, mas…. mesmo assim volta o E SE…

Por fim, também me revoltei com quem não me soube dar o apoio de que eu necessitava… nem percebeu, não é capaz de empatia, de oferecer o tal ombro para uma pessoa simplesmente chorar… Desta vez disse-lhe como me senti, assim tão preto e branco como as coisas são.
Eu sei que nem toda a gente tem a inteligência emocional necessária para sentir empatia pelos sentimentos dos outros, mas apesar de o saber, de saber que é pouco provável esse desenvolvimento, senti necessidade de o dizer e independentemente das consequências que daí advenham… Basicamente quando isto aconteceu eu precisava de um miminho, de um ombro para chorar, de alguém que me viesse ajudar, amparar, não o ter foi a modos que lixado e a modos que não faço questão de o esconder.
De resto, a vida continua e tem sempre de continuar, a cada dia nasce o sol independentemente das diversas desgraças e alegrias que se vão passando, é assim e não há volta a dar.

Sei disso, sei que por muito que custe, tenho muita vida pela frente, quem sabe até se talvez felicidade num futuro mais ou menos próximo, mas sempre que o caminho se faz caminhando e o meu não é diferente dos outros.
Carla